novembro 04, 2009

Ruído

Ruído.
Há ruído à minha volta.
Um ruído ensurdecedor
Um prurido
na minha revolta.
Um barulho desmedido.

Ruído.
Sonoridade de beleza morta
despida de fulgor.
Um barulho baixinho
que me bate à porta
e me mata de mansinho.

Ruído.
Que a dado momento
me faz perder a sanidade
e o sentido
e o tempo.
Ruído é um barulho sangrento.

Ruído.
Tão forte no silêncio
ao ouvido
ou na multidão.
Bate à porta do abrigo
[nenhum]
Leva consigo o sentido
que já não é sentir algum.

Ruído.
É um barulho fodido.



[ruído: 1- som inarmónico produzido por corpo que cai ou estala (...); 2 - LINGUÍSTICA todo o factor que, num acto comunicativo, perturba a transmissão da mensagem (...)]

3 comentários:

Jonathas Facre disse...

Acho legal o aprofundamento de um texto em pequenas coisas, com um simples ruído!

=)

Inês Antunes disse...

Gostei muito. :)
Continua, Nê.

Anónimo disse...

Adoro este poema...
No fundo todos sentimos esse tal "ruído" . O ruído de estarmos revoltados ou insatisfeitos!
Todos trazemos revolta dentro de nós e essa é a prova de que estamos vivos.
Por mais sorrisos e alegrias que nos dê a vida, ela tem sempre uma lágrima para nos roubar e uma mágoa para nos deixar.
Podemos ser felizes mas haverá sempre em nós um vazio que nos revolta.