junho 26, 2008

Saudades que matam

Como ainda ontem dizia a alguém... eu tenho saudades. Apesar de nem toda eu o ser, o meu eu poético é assumidamente saudosista.
Não há mal algum em ser-se saudosista. Acho até que o português deve honrar as suas origens e a sua língua mãe com esta palavra, que tão gentilmente lhe foi cedida pelo tempo... o problema está, definitivamente, no tipo de saudade, por assim dizer, que é sentida. A que sinto rebentar dentro de mim mais frequentemente é uma espécie de saudade auto destrutiva...como explicar? A saudade que é sentida mesmo antes de existir. Portanto, nem consigo deduzir muito bem se será ou não justo chamar-lhe saudade.
Posso explicar este sentimento como algo complexo, como um fenómeno que acontece dentro de mim. A verdade, J, é que não tenho a certeza de saber lidar com coisas a longo prazo, ou com para sempres. E acho que não é por tua causa. mas sim por causa de mim.
Nem sei se vou aguentar-me nesse para sempre que é a vida, mais ou menos curta, se vou aguentar-me a mim própria! Como aguentar um bêbedo. Não sei se vou conseguir aguentar esta bebedeira de sentimentos que se alcoolizam dentro de mim, este cambalear doido de um bêbedo que sinto dentro de mim. Não sei se consigo amparar-me no meu caminho...pudera conseguir amparar também a tua felicidade.
Mas sabes, tão bem como eu, que eu não consigo. Aliás, não foi preciso muito tempo! Eu não consegui. Tu ainda não percebeste completamente, mas eu já... e já sinto tantas saudades tuas... não saudades por não te ver há cinco minutos, como acontce com os apaixonados que devíamos ser. Mas por já sentir falta daquilo que era para ti, do teu carinho, do que éramos... de ti! merda.
Parece que devo fazer parte de uma nova geração de saudosistas: porque para além de ser já afectada por males como o chamado "sofrer antecipado", muito recorrente na sociedade actual e que provém, obviamente, da ansiedade e tensões interiores que sentimos, tenho já saudades de uma felicidade que (provavelmente) ainda não acabou mas para a qual prevejo já um desfecho trágico - resultado dos tais indícios trágicos...
Sou uma saudosista do futuro! Já tenho saudades do futuro e daquilo que ainda nem aconteceu... já tenho saudades tuas.

para J