Ouve-se, ao longe, o carro chegar.
Ouve-se o carro chegar mais perto.
Ouvem-se os passos nas escadas. A porta abre, a porta fecha.
Tudo na cozinha mexe. O frigorífico abre vezes sem conta, as latas mexem, os frascos, o caixote do lixo, a lata do pão, tudo abre e fecha vezes sem conta. Repetidas vezes mexem os mesmos objectos.
O autoclismo é descarregado.
Agora noto melhor. Pareço ter ouvido tísico, mas não... é apenas treino. O intervalo de tempo que meço separar cada passo dá-me a quase certeza de que um torpedo sem equilíbrio se arrasta de parede em parede na cozinha.
Repete os mesmos movimentos. O frigorífico, as latas, os frascos, o caixote do lixo, a lata do pão... todos os movimentos se repetem, tudo mexe. Tudo faz barulho. Do género "então? cheguei a casa! não há ninguém nem nenhum banquete à minha espera??"
E a minha paciência esmorece. Os meus sonhos, a minha vontade, a minha alegria, até mesmo o meu corpo... tudo esmorece em mim. Subitamente, os meus músculos são também eles pesados e sem força... como que numa relação de causa - efeito. Ele bebe e deambula. Eu esmoreço, e vou dormir para só amanhã acordar.
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7 comentários:
eu diria k está muito bom.
Mais um texto muito bom Inês.
Continua :D
sei o que isto significa...ao ler este texto lembrei-me de momentos k não desejo a ninguem...beijitos do pimo
minha querida ines,continuo com saudades tuas :] quero saber de ti,como correu esse verao e como estas. eu adorei o campo,a joana ficou na minha tenda ,ela depois conta te algumas coisas:] so para deixar um grande beijinho ,e ja agora,adorei o que li. es beleza
que texto divinal! beijinho
Bem, que texto, adorei :)
Aiii, a ler este texto lembrei-me de uma coisa girissima que te deves lembrar também. Aqui vai: " o texto do frigorífico, não é?" (private jocke) xD
Optimo, para variar! =D
Sheep*
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